domingo, 6 de abril de 2008

Cada um tem o seu!

Início da juventude, eu e mais duas amigas costumávamos ir almoçar e passear pela cidade durante o intervalo entre a aula da manhã e a da tarde no cursinho pré-vestibular.
Final dos anos 90, o auge da moda eram roupas cor de chocolate, batons e esmaltes de cores metalizadas simulando cobre, prata e ouro.
Nosso cursinho era localizado no pólo comercial do Recife e nós resolvemos passar em um magazine. Este, ainda hoje, abrange a todo tipo de público. Patroas e empregadas se esbarram por lá a procura de absorventes, guloseimas, sutiãs, descartáveis para fazer festa de aniversário, cds, árvore de natal, whatever. Todas as coisas que ninguém escapa de comprar.
Horário de almoço, liquidação de cosméticos, o recinto estava lotado quando nós avistamos uma gôndola cheia de esmaltes nas cores da tendência com um precinho irresistível.
Não tivemos dúvida, nos aproximamos e eu peguei logo alguns vidrinhos prateados e dourados (meus preferidos na época). No mesmo momento, uma senhora feia, gorda, baixinha e mal vestida, olhou pra mim e disse: - "Orrivu, esses ismalti."
Eu olhei pra ela e fiquei sem ação. Quando uma das minhas amigas, disse:
- "Senhora, essas são as cores da moda, inclusive o prateado é a mesma cor a que a minha amiga está usando. "
E a Senhora, uma personificação de uma sapa cururu cuja camiseta havia estampado "Associção dos Moradores de Bomba do Hemetério - Lider comunitária", rebateu com tom de voz mais grosseiro, entronxando os beiços: - "E apói, minha fia! É issuu mermo! É ooorrivu o ismaltiii de sua amiga, vu?!"
Foi quando a minha outra amiga, sempre impecavelmente vestida, do alto de seu scarpin - com couro de búfalo cor de café (top de glamour da época) -, deu um passo em direção a sapa que mal chegava a altura de seu busto, empinou seu nariz com toda a pompa de uma dama da corte britânica, direcionou-lhe um olhar de desprezo e disse com sua voz chique, sutaque e bico de socialite: - "Gosto é igual a cú. Cada um tem o seu!"
A velha cururu ficou estarrecida, assombrada, despreprarada e saiu calada, andando de ré, em passos rápidos esbarrando nas prateleiras, olhando enviezado para a nossa direção e resmungando baixinho com sua boca tronxa.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Quem procura nem sempre acha


Eles já estavam com um mês de rolo, e ainda naquela indecisão: se namoravam ou só só estavam ficando. Nas festinhas regadas a vodka os beijinhos eram o limite.
Até que um dia, a mãe do rapaz viaja. E ele pensa: Oba! Tenho a casa livre. Hora de chamar a coelhinha pra toca. Mas, o nosso vilão tinha uma fraqueza: a timidez. E agora? Como chamar a gatinha sem assustá-la? Então nada como usar o velho e infalível truque do filminho em casa. Ela topa. Fácil! fácil!
Enquanto vai busca-la ele pensa: "Se ela vier de mini saia, ta no papo". No entanto, ela vem com uma saia longa e o deixa em dúvida quanto as intenções dela. Fazer o quê?
Ele, verdadeiro amante da sétima arte mostra a ela sua última aquisição, isto é, o romântico "Laranja Mecânica". Um clássico inovador e pouco indicado para a primeira vez. Mas... a película era mesmo só um pretexto.
Como um rapaz comportado e cinéfilo de carteirinha, não tirou os olhos do filme, enquanto a menina, uma assanhadinha, tentou inutilmente desviar sua atenção e interromper o filme provocando-o no sofá por várias vezes.
O filme acaba lá pelas 2h da manhã de plena quinta-feira. As coisas esquentam mais e ele a convida para tomar um puro-puro leite-leite em seu quarto. Nesse momento, após passar duas horas atiçando o nosso clown, a gatinha já estava doida pra praticar ultraviolência.
E as coisas acontecem como os dois queriam: ultra-ultra-gostosinhas. Mas vilão que é vilão não deixa rastro, não é? E ops! As camisinhas sumiram. Logo na hora de devolver a mocinha violada em casa. Oh, céus! E lá vai o pobre-pobre casal a procurar seu dejetos plásticos pelo quarto.
Depois de uma longa-longa busca, encontram uma espremida do lado da cama, mas ainda faltava a outra. A hora avança e a mocinha precisa voltar pra casa antes de seus avós saírem para caminhar.
No caminho de sua casa, a nossa mocinha faz com a voz triste uma pergunta inusitada: "Será que a camisinha ta dentro de mim?" Eh, seria um tanto constrangedor eles checarem isso já no portão da prédio dela. No mínimo, o porteiro ficaria chocado e espalharia para a vizinhaça.
Nosso clown volta pra sua casa e esbarra com um casal de velhinhos que costuma ser bem simpático com ele. E que sempre elogiava a juventude aventureira noite afora. Mas desta vez, a velhinha deu as costas com um ar abusado e o seu distinto marido olhando com cara feia diz: - "Menino, nunca esperei tão pouca vergonha de você". E sai resmungando algo do tipo "Tarado!". Ele sem entender, se olha no espelho do elevador e...
Encontra a maldita prova do crime ainda úmida colada no velcro de sua bermuda. Agrh!

História gentilmente cedida por nosso amigo Gabriel. Vai lá garanhão!